O caos dos últimos dias pode ser interpretado como uma prévia para o fim do mundo. As previsões dos cientistas indicam que recursos essenciais tornar-se-ão escassos e podem desaparecer. A escassez exigirá adaptações de toda ordem, inclusive fisiológicas. Quem sabe uma nova gene humana capaz de sobreviver em uma atmosfera com alta concentração de gás carbônico e sem água, já que não foi possível tornar os processos mais limpos, tampouco substituir os combustíveis fósseis, como petróleo e carvão? Na década de 1970, o mundo foi alertado para a crise do petróleo.
A recomendação foi de que os países buscassem diversificar a matriz energética para evitar serem reféns da crise e dos países produtores que detêm o poder para manipular os preços e controlar a produção. O Brasil, com sua imensa biodiversidade, poderia ter buscado alternativas sustentáveis. Até tentou o Proálcool, o biodiesel e o gás natural, porém os programas não atingiram os objetivos propostos. As razões para o fracasso são várias - a fragilidade dos programas, a incapacidade dos governo no gerenciamento cedendo aos interesses dos grandes grupos internacionais, dentre outras. O que vemos hoje, meio século depois? A substituição do petróleo não passou de tentativas e ensaios inacabados. O máximo conseguido destes programas foi a adição de uma fração de etanol e biodiesel à gasolina e ao óleo diesel.
A dependência é quase total. A predominância do GLP no uso doméstico é mais um exemplo da supremacia dos derivados do petróleo. A energia solar e outras formas alternativas crescem timidamente, em velocidade aquém à necessidade de suprimento e de sustentabilidade. Programas de incentivo são incipientes, a maioria vai na contramão da diversificação, prestando-se para manter a escravidão ao petróleo e aos seus derivados. Os governos fingem estar cegos a estas necessidades. O caos estabelecido no Brasil, em decorrência do desabastecimento dos combustíveis, transformou a população em zumbis movidos pela esperança desordenada de encher o tanque ou de conseguir um botijão de gás.
A cegueira coletiva para completar o cenário de horror tem levado a atitudes insanas. A lógica é a do salve-se quem puder. A racionalidade, o bom senso e a inteligência deram lugar ao instinto selvagem no mais perfeito estilo predador voraz. A lei é a dos mais fortes. O modelo econômico com a hegemonia do petróleo e a ausência da cultura da racionalização dos recursos naturais nos levará, em definitivo, ao caos vivido nos últimos dias.
Seis de junho marca o dia mundial do meio ambiente. É essencial que aproveitemos os fatos e a data para refletirmos sobre nosso modo de produção, modelo econômico, padrões de comportamento e de consumo, os quais estão tornando a vida insustentável. É essencial a escolha qualificada de governantes, porém a vida se constrói com atitudes diárias - "seja a mudança que você quer ver no mundo".